“Duas
palavras mágicas caracterizam a maneira como a criança se relaciona com
o mundo: imitação e exemplo. Mesmo na adolescência, os bons exemplos
recebidos dos adultos são o que forma a estrutura moral e de valores do
ser humano. Quando a criança pode imitar tais exemplos sadios numa
atmosfera de amor, ela se encontra em seu elemento adequado.”
Rudolf Steiner
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Nos primeiros anos de vida, a criança aprende por imitação. Mesmo na
adolescência, os bons exemplos recebidos dos adultos são o que forma a
estrutura moral e de valores do ser humano. É o que ensina a ciência
espiritual de Rudolf Steiner, quem, no começo do Século XX, fundou as
bases da Antroposofia.
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“Duas palavras mágicas caracterizam a maneira como a criança se
relaciona com o mundo: imitação e exemplo. O filósofo grego Aristóteles
denominou o homem como o animal mais propenso a imitar; essa verdade
vale para a idade infantil, até os sete anos, mais do que para qualquer
outra. O que acontece no ambiente físico, a criança imita, e essa
imitação confere aos órgãos físicos suas formas definitivas. Devemos
considerar o ambiente físico em sua acepção mais ampla, incluindo nele
não apenas o que se passa materialmente ao redor da criança, mas tudo o
que ocorre, o que seus sentidos percebem, o que, a partir do espaço
físico, é suscetível de agir sobre as forças espirituais. Isso inclui
todas a ações morais e imorais, inteligentes e tolas que a criança possa
perceber.
Não são, pois, as sentenças morais nem os ensinamentos da razão que
atuam nesse sentido sobre a crianças, mas apenas o que os adultos fazem
em sua redondeza de maneira visível. Preceitos deste tipo têm efeito
plasmador, não sobre o corpo físico, mas sobre o etérico; porém esse,
até a idade dos sete anos, tem o envoltório etérico protetor da mãe
exatamente como, fisicamente falando, o corpo físico foi protegido antes
do nascimento pelo envoltório materno.
O que deve desenvolver-se nesse corpo etérico antes do sétimo ano,
quanto a representações, hábitos, memória, etc., deve fazê-lo
espontaneamente, tal como o fazem os olhos e as orelhas no ventre da mãe
sem que haja intervenção da luz exterior.
Seus órgãos físicos adquirem forma pela influência do ambiente
físico. A visão desenvolve-se sadiamente quando existem no ambiente da
criança fenômenos apropriados de luz e cor; no cérebro e na circulação
sangüínea, formam-se as disposições para um sentido moral sadio, desde
que a criança perceba em seu ambiente fatos morais. Se antes da idade de
sete anos a criança vê ao seu redor apenas atitudes tolas, o cérebro
adquire formas tais que a capacitam apenas para tolices na vida
posterior.
Assim como os músculos da mão se tornam fortes e vigorosos quando
exercem atividades apropriadas, o cérebro e os demais órgãos do corpo
humano seguem o rumo certo quando recebem do ambiente os impulsos
adequados.
Pode-se fazer para a criança uma boneca com um guardanapo dobrado:
duas pontas serão os braços, as outras as pernas, um nó servira para a
cabeça. Tendo à sua frente o guardanapo dobrado, a criança deve, por
meio de sua fantasia, acrescentar algo que o transforme em figura
humana. Essa atividade da fantasia tem efeito plasmador sobre as formas
do cérebro. Porém, se a criança ganha uma linda boneca rosto de
porcelana, nada resta ao cérebro para fazer, e ele atrofia-se em vez de
desabrochar.
Se os homens pudessem olhar, como pode fazê-lo o pesquisador
espiritual, para dentro do cérebro empenhado em estruturar suas próprias
formas, com toda a certeza só dariam a seus filhos brinquedos
suscetíveis de avivar as forças plasmadoras do cérebro.
Nossa época materialista produz poucos bons brinquedos. Veja-se como é
saudável aquele brinquedo que, mediante dois pedaços de madeira
deslocáveis, mostra dois ferreiros virados um contra o outro, martelando
um objeto. Ótimos, também, são os livros ilustrados com figuras móveis:
puxando os fios fixados nessas figuras, a criança transforma a
ilustração morta em imagem animada. Tudo isso provoca a atividade íntima
dos órgãos, a partir da qual se constróem as formas corretas para eles.
De acordo com a Ciência Espiritual, uma criança nervosa e irrequieta e
outra letárgica e fleumática devem receber tratamentos diferentes, a
começar pelo ambiente em que vivem. A esse respeito tudo é importante,
desde as cores do quarto e dos objetos que normalmente rodeiam a criança
até as cores das roupas com as quais ela é vestida.
Quando não se segue a orientação da Ciência Espiritual,
freqüentemente se faz o contrário, pois os conceitos materialistas
conduzem, em muitos casos, a soluções incorretas. Uma criança excitada
deve ser rodeada e vestida de cores amarelas e vermelhas; no caso de uma
criança impassível, convém recorrer a tonalidade azuis e esverdeadas. O
que importa é a cor complementar produzida interiormente. No caso do
vermelho, será a cor verde; no do azul, a alaranjada – como facilmente
constatamos ao olhar durante algum tempo para uma superfície colorida
nessas cores e depois fixar o olhar rapidamente numa superfície branca.
Essa cor complementar é produzida pelos órgãos físicos da criança e
provoca as estruturas orgânicas correspondentes, de acordo com suas
necessidades. Se a criança irrequieta tem ao seu redor uma cor vermelha,
esta produz intimamente a imagem complementar verde, que tem efeito
calmante, e assim os órgão adquirem tendência à calma.
Convém levar em conta que o próprio corpo físico determina, nessa
idade, o que lhe convém. Ele faz isso desenvolvendo adequadamente os
apetites. De maneira geral, pode-se dizer que o corpo físico sadio
requer o que lhe faz bem. Enquanto se tratar do corpo físico da criança,
convém observar quais são os desejos do apetite sadio e da alegria. A
alegria e o prazer são as forças que melhor plasmam as formas físicas
dos órgãos.
Podemos incorrer em graves erros a esse respeito, deixando de
proporcionar um entrosamento perfeito da crianças com seu ambiente
físico. Isso pode acontecer em particular com os instintos relativos à
alimentação. Podemos abarrotar a criança com certos alimentos, a ponto
de fazê-la perder totalmente os instintos sadios relativos à comida; por
meio de uma alimentação correta, esses instintos podem ser mantidos de
tal maneira que a criança só solicite o que lhe for conveniente (isso se
aplica até a um simples copo de água), enquanto recusa o que pode
prejudicá-la.
Entre os impulsos que têm efeitos plasmadores sobre os órgãos físicos
encontramos, pois, a alegria provocada pelo ambiente e, dentro desse,
os rostos alegres dos educadores, como um amor antes de tudo sincero,
nunca simulado. Tal amor, permeando calorosamente todo o ambiente,
incuba, no verdadeiro sentido da palavra, as formas dos órgãos físicos.
Quando a criança pode imitar tais exemplos sadios numa atmosfera de
amor, ela se encontra em seu elemento adequado. Deve-se observar
rigorosamente que, ao seu redor, nada ocorra que ela não deva imitar.
Ninguém deveria praticar qualquer ação dizendo-lhe isso você não pode
fazer. Quando se vê a criança rabiscar letras muito antes de compreender
seu sentido, constata-se que ela procura, nessa idade, apenas imitar.
Aliás, é bom que ela primeiro imite estes signos e somente mais tarde
entenda seu significado.
Com efeito, a tendência a imitar pertence à época em que se
desenvolve o corpo físico, enquanto a interpretação do sentido diz
respeito ao corpo etérico. É conveniente atuar sobre este ultimo só
depois da troca dos dentes, quando já se desprendeu o envoltório
etérico. Todo aprendizado deveria ocorrer, nessa época, especialmente
pela imitação. É ouvindo que a criança melhor aprende a falar. Quaisquer
regras e qualquer instrução artificial nada podem trazer de bom.
Nos primeiros anos da infância, meios educativos como as canções
devem impressionar os sentidos por seu belo ritmo. O que importa não é
tanto o conteúdo, mas a beleza sonora. Quanto mais algo vivifica a visão
e o ouvido, tanto melhor. Nunca se deveria subestimar a força
plasmadora de movimentos de dança acompanhando o ritmo de uma música.
Com a segunda dentição, o corpo etérico se liberta de seu envoltório
etérico; começa então a época em que se pode exercer sobre ele uma
influência pedagógica externa. Convém ter em mente quais fatores atuam
de fora sobre o corpo etérico. Sua transformação e seu desenvolvimento
caminham a par com uma transformação e uma mudança das inclinações, dos
hábitos, da consciência, do caráter, da memória e dos temperamentos. O
que atua sobre o corpo etérico são imagens, exemplos e uma orientação
disciplinada da fantasia. Assim como até os sete anos de idade a criança
deve ter exemplos físicos para serem imitados, entre a troca de dentes e
a puberdade seu ambiente deve conter tudo o que possa orientá-lo por
seu valor intrínseco e seu sentido. Isso ocorre com tudo o que atua
através de imagem e por analogia.
O corpo etérico desenvolve sua força quando uma fantasia bem
orientada pode seguir, como modelos e idéias, as imagens e impressões
extraídas da vida ou recebidas pelo ensino. O que atua harmoniosamente
sobre o corpo etérico em desenvolvimento não são conceitos abstratos,
mas o elemento plástico – não o sensorial, mas o espiritual visível. A
observação espiritual é o meio educativo mais apropriado para esses
anos. Daí a importância, para o jovem, de ter à sua volta mestres,
personalidade cujas maneiras de ver e julgar o mundo possa despertar
nele as forças intelectuais e morais desejáveis.
Assim como imitação e exemplo eram as palavras mágicas para a
educação dos primeiros anos, para os anos ora focalizados o são a
aspiração a idéias e a autoridade. A autoridade natural, não-imposta,
deve constituir a evidência espiritual imediata para que o jovem forme
consciência, hábitos e inclinações e discipline seu temperamento, com
cujos olhos observa o mundo. Valem principalmente para essa idade as
belas palavras do poeta: cada um deve escolher o herói a quem pretende
imitar em sua ascensão ao Olimpo.
Veneração e respeito são forças que devem fazer crescer o corpo
etérico de maneira sadia. Quando falta essa veneração, as forças vivas
do corpo etérico se atrofiam. Imaginemos a seguinte cena e o efeito
produzido por ela sobre um menino de, digamos, oito anos de idade.
Alguém lhe conta algo a respeito de uma pessoa particularmente
venerável. Tudo o que ele ouve lhe incute um temor quase sagrado.
Aproxima-se o dia em que ele deve ter o primeiro encontro com essa
pessoa. Ao pressionar a maçaneta da porta atrás da qual deverá aparecer o
ser venerável, um tremor de respeito o invade. Os belos sentimentos
gerados por semelhante experiência permanecerão entre as reminiscências
mais duradouras da vida. Feliz é o adolescente que pode elevar seu olhar
para o mestre e educador como autoridades naturais, e isso não apenas
em alguns momentos excepcionais, mas durante toda a juventude! Além
dessas autoridades vivas, verdadeiras encarnações da força moral e
intelectual, deve haver as autoridades espirituais aceitas.
O rumo espiritual do jovem deve ser determinado pelas grandes figuras
da História, pela descrição de homens e mulheres modelares e não por
princípios abstratos de moral, que só atuarão efetivamente depois que o
corpo astral se tiver despedido de seu envoltório astral, na época da
puberdade. Tais considerações devem nortear sobretudo o ensino da
História.
Antes da troca dos dentes, todas as histórias, contos, etc. terão como
único fim trazer à criança um ambiente de alegria e riso; mais tarde, as
histórias deverão conter, além disso, imagens vívidas que incitem nos
adolescentes o desejo de igualar os feitos descritos. Não se deve
esquecer que maus hábitos podem ser combatidos por meio de imagens
repugnantes apropriadas. Quando existem tais maus hábitos e inclinações,
pouco adianta recorrer a admoestações. Contudo, muito pode ser feito
para erradicá-los por meio de imagens realistas de homens maus que
possuam os mesmos defeitos e sofram suas conseqüências negativas em sua
vida posterior.
Convém ter em mente que não é de conceitos abstratos que o corpo
etérico em formação recebe impulsos profundos, mas sim de imagens
vívidas em sua clareza espiritual. É necessário, naturalmente, proceder
com bastante tato para não provocar um efeito contraproducente. O que
importa é a maneira como se contam as histórias. Por esse motivo, um
conto bem narrado nunca pode ser substituído por uma leitura.”
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Espero que tenham gostado da leitura. A fonte está aqui:
http://www.antroposofy.com.br/forum/principios-educacionais-da-antroposofia/